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O Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo) promoveu, no dia 23 de junho, o II Encontro da Cadeia Produtiva do Trigo, um evento que teve como principal objetivo integrar o setor produtivo e promover o conhecimento. O evento abordou, em três painéis, aspectos relacionados ao mercado em geral, agrícola e tendências de consumo.
A executiva de Marketing do grupo Bimbo Brasil, Bruna Tedesco abriu as palestras do Encontro com um panorama do mercado de alimentos integrais no país, destacando as mudanças de comportamento do consumidor, principalmente em relação às exigências quanto à saudabilidade dos produtos.
"Com o ar dos anos, os consumidores brasileiros se tornaram mais exigentes em relação à qualidade e diversidade dos produtos oferecidos ao mercado. O termo integral ou a ser associado à saúde e, por essa razão, assistimos um crescimento que levou as indústrias a se movimentar para que os produtos se tornem mais íveis a todos", explica Bruna. Segundo a executiva, na visão do consumidor, ter uma opção integral em seu portfólio é o mínimo que a indústria deve oferecer ao mercado.
"Somos desafiados a buscar, diariamente, novas opções de produtos que levem o selo integral, mas que ofereçam algo a mais para que se torne mais saudável e atrativo. No ado tínhamos a tendência do 'menos', em que se destacavam nos rótulos características como redução de gordura ou açúcar. Hoje, optamos por destacar o que o produto acrescenta ao consumidor, como mais fibras ou ser mais nutritivo. Esta é uma mudança significativa do mercado brasileiro", destaca.
Em seguida, o membro do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp e sócio da MB Agro, Alexandre Mendonça de Barros destacou em sua apresentação as perspectivas econômicas e mercados agrícolas para a safra 17/18, tendo em vista as instabilidades políticas, climáticas e econômicas e como cada mudança influencia o mercado de grãos.
"O agronegócio como um todo é influenciado por diversos fatores, como câmbio, demanda e clima, que regem os preços e os estoques de todo o mundo. Hoje enfrentamos um cenário climático de neutralidade, sem muitas perspectivas de grandes mudanças meteorológicas que possam alterar as projeções de safra. Os estoques estão altos, o que diferencia o cenário deste ano com o de 2016, quando amos por um momento de baixa oferta do milho e da soja. Outro fator que pode impactar é a recessão vivida pelo país, gerada pelas incertezas políticas e econômicas, o que reflete diretamente no câmbio e no preço de venda das commodities", ressalta Alexandre.
Em sua palestra, Alexandre não se mostrou muito otimista quanto uma possível melhora no preço de venda do trigo brasileiro para esse ano. "O mercado tem sido abastecido por anos de safras muito boas, com uma mudança significativa do eixo do trigo para a Ásia e, mais especificamente para este ano, a volta da Argentina como grande fornecedora e concorrente do trigo nacional. Esse mercado de oferta excessiva acaba pressionando o trigo brasileiro, pois o preço externo se torna mais atrativo. Pessoalmente não consigo ver com muito otimismo uma possível alta nos preços", afirma.
O terceiro abordou o tema "Conjuntura Mercadológica do Trigo" e foi ministrado pelo Executivo do Negócio do Trigo pela Bunge, Edson Csipai. Em sua palestra, ele destacou os números e as expectativas para a produção de trigo no mundo, seus desafios e ameaças. "Os últimos cinco anos foram de muito conforto para os compradores de trigo em termos de preço, pois a oferta suplantou o consumo nesse período. Para este ano, o cenário tende a mudar. Começamos a safra 17/18 com a expectativa que seja a segunda maior da história, o que nos levará para um cenário em que o consumo irá superar a oferta mundial", destaca o executivo.
Segundo ele, a produção nacional registrou uma redução na produção de 1,6 milhões de toneladas, com queda de 8% na área plantada em relação ao ano ado. "Esse cenário projeta que o país irá demandar da Argentina cerca de 4,5 milhões de toneladas de trigo para suprir sua demanda. Mesmo com esse cenário e com a demanda aquecida, a possibilidade de registrarmos mudanças nos preços é muito baixa, tendendo mais para aumento do que para queda de valores", explica Edson.
Também estiveram presentes no evento o Diretor Titular Deagro/Fiesp, Mario Sergio Cutait, o Coordenador Geral das Câmaras Setoriais da Secretaria de Agricultura de São Paulo, Alberto Amorin e a Superintendente da Conab São Paulo, Renata Moraes.